Não gosto de amoras.
Na verdade, acho que nunca gostei... Mas são tão lindas! Outro dia mesmo, estava eu com alguns amigos debaixo de uma árvore e um deles percebeu que era uma amoreira. Eram tão pequenininhas! Estavam crescendo ainda, no auge de sua juventude... Mas eram tão fofinhas! E o roxo escuro parecia brilhar de tão vívidas que eram... Como rubis! Devo acrescentar que, junto ao preto e verde pinheiro, violeta é minha cor favorita... Então devem imaginar o que senti ao ver aquelas bolinhas arroxeadas penduradas, certo?
Bem, vimos as amoras... Mas a árvore era muito alta! E levando em conta que nenhum de nós tem mais de 3 metros de altura, não tinha como alcançá-las... Até que um dos garotos teve a ideia genial: vamos jogar um chinelo, ele vai bater no galho e derrubar as amoras! Dito e feito! O melhor atirador de nós mirou, lançou... E acertou! Muitas frutinhas caíram no chão, inteiras, gorduchinhas e aparentemente suculentas. Parte do grupo atacou as amoras, as mãos tingidas em púrpura e um sorriso nos lábios.
Eu não sou amiga de amoras, já disse, mas elas pareciam gostar tanto! Como pequenas e delicadas frutinhas podem causar um sorriso tão grande nas pessoas? Transformar quase adultos em crianças loucas para derrubar as amoras dos galhos e devorá-las? Um grande paradoxo, mas se for parar para pensar... Não é exatamente isso que acontece no nosso cotidiano? Dizem que é nos menores frascos que se contém a melhores fragrâncias... talvez seja verdade! Amoras são minúsculas e delicadas, mas conseguiram conquistar “gigantes” que, para tê-las, arriscaram-se a jogar um chinelo na árvore em um lugar público, onde qualquer pessoa poderia ver.
Sorrir é um dos meus maiores lemas na vida e meus amigos sabem disso, não importa o que aconteça, apenas sorria e tudo fica mais lindo... Naquele dia, um simples momento de tédio e cansaço transformou-se em minutos memoráveis. Junto ao meu grupo de amigos tinha pessoas que nunca se falaram antes, mas mesmo assim brincaram juntos. Talvez nunca mais se encontrem ou conversem, mas por um pequeno e humilde minuto foram crianças novamente, sorrindo por um único motivo: amoras.
É... Algumas vezes vale a pena se arriscar…