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Foto do escritorStéfane Franco

Um grande sorriso


Comumente temos que a adolescência é um dos períodos mais conturbados da vida humana, o momento em que tudo é dúvida e passa por um processo de transição; você não é mais uma criança, mas também não é adulto. E em meio a toda essa confusão hormonal, te dizem desde o ensino médio que a faculdade, o próximo nível, é totalmente diferente do que já estudou, é um lugar onde os professores não vão segurar na sua mão e muito menos ajudá-lo com suas dúvidas; paradigmaticamente, vão apenas “palestrar” e cada um por si. Descreveram um ambiente assustador, como se monstros fossem sair das salas assim que eu respondesse algo, ou se o professor fosse ficando verde e grande como o Hulk caso eu fizesse uma pergunta.

Admito que nunca me interessei por sociologia e filosofia, eram assuntos monótonos e restritos à teoria pesada e desinteressante. E aquela seria a primeira aula do primeiro semestre no “ambiente assustador”! Sentei-me em um dos cantos da sala - o oposto de onde geralmente me acomodava nos anos anteriores - e esperei em expectativa, mas todas foram superadas quando um enorme sorriso rompeu pela porta e ensinou com a alma. Era totalmente diferente do que me disseram, mas era bom! Não demorou para que aquele sorriso maravilhoso me contagiasse e eu percebesse que não, não era tão diferente da escola! Os professores não eram Hulk’s e muito menos me deixariam na mão caso eu precisasse, e aquele sorriso foi o grande responsável por me fazer sentir em casa…


A simpatia foi imediata e precisa, já não havia volta e, desde então, esse momento ficou cravado em minha mente como o ponto de virada decisivo da adolescência para a vida adulta (na medida do possível, claro). Minha concepção à respeito da sociologia/filosofia transformou-se completamente e, entre Marx’s e Bauman’s, encontrei um pedacinho meu em cada uma das aulas. Incrivelmente a matéria fixava-se em minha mente sem complicações, bastava atenção e leitura e pronto, tudo gravado! Como se não bastasse, a mesma dona do grande sorriso demonstrou-se um ser humano incrível, uma pessoa dócil e animada que sempre mantinha um sorriso no rosto para seus alunos… Uma pessoa que realmente me conquistou e chegou ao ponto de me fazer me sentir mal com uma nota baixa como ninguém antes tinha conseguido. A decepção evidente foi um soco no estômago e um chamado à realidade… A faculdade não é como a escola! Física e emocionalmente falando, a pressão é maior e as expectativas também. E não atingi-las é horrível.

A universidade é capaz de abrir mentes, mas os professores detêm um poder incrível de persuasão, e gosto de pensar que são influências positivas. A dona do sorriso, entretanto, foi além. Com muito carisma e pulso firme, conseguiu me mergulhar em assuntos que jamais cheguei a pensar antes! Para alguém nascido de família tradicional e religiosa, um grupo de estudos de gênero e etnia já é um assombro (negativamente falando), mas tudo tem seu lado bom! Pude perceber que o senso comum me deixava aos poucos… E uma mudança quase radical teimava em explodir em meu peito, aquela sensação de ver algo que sempre esteve na sua cara, mas você nunca parou para analisar sob uma perspectiva diferente.

O caminho é longo e sinto que ainda há muitos paradigmas que precisam ser quebrados, mas acredito no tempo e tenho certeza que, se o que consegui em um semestre permanecer nessa mesma constante, até o fim do curso terei um repertório muito melhor e perceptível. Por isso, pretendo absorver o que puder de tudo e todos. Ambição? Talvez... Mas quem não tem aquela pessoa exemplo e nunca desejou ser como ela?

Aliás, todos já ouviram alguma vez quando criança a mais clichê das perguntas... O quer ser quando crescer? Bem... eu tive muitas profissões! Fui professora de matemática, arquiteta e também escritora. Tive meu momento design gráfico e passei pela música e artes plásticas até finalmente chegar à publicidade. Apesar disso, não tenho um caminho definido para o futuro, apenas sei que quero o melhor de cada pessoa que conheci.

Sorrir é um dos meus maiores lemas, pois acredito que pode ser o agente da transformação de um dia cinzento em um risonho e ensolarado. E a única pessoa que, não importa o que aconteça, não perdeu o brilho no olhar é a moça do primeiro dia, primeira aula. Está sempre sorrindo! Quando crescer, quero um sorriso igual ao enfrentar a profissão que amo, seja ela qual for. E se tiver ao menos um pouquinho dessa moça, estarei feliz.


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