1. SINOPSE
Homens e mulheres têm iniciado suas vidas sexuais cada vez mais cedo como uma consequência de uma estrutura social pré-estabelecida do que é ser homem ou mulher. Entretanto, se para as mulheres é novidade a iniciação sexual antes do casamento, isso já acontece precocemente entre os homens há séculos, e é exatamente esse lado que a presente proposta pretende focar.
2. ARGUMENTO
Desde que o homem se entende por gente, o gênero masculino é visto como símbolo de virilidade e o responsável pelas questões políticas perante a sociedade, enquanto as mulheres eram subjugadas às tarefas domiciliares. Com o processo de industrialização que se iniciou na Europa no século XVIII, profundas transformações rondaram o mundo até chegar ao que é hoje, sendo as mulheres as mais beneficiadas, pois ganharam mais espaço na sociedade e novas oportunidades.
A questão da virgindade, entretanto, permanece praticamente a mesma e ainda é vista como tabu. Para as mulheres, perdê-la dá-se num sentimento de entrega, uma ambiguidade entre o desejo de se descobrir e a necessidade de se preservar... Gerando grande visibilidade na mídia.
Os homens, entretanto, ainda não ganharam a devida atenção a respeito desse assunto. Desde sempre são pressionados a corresponder a um ideal masculino e, nesse contexto, “ser homem” é sinônimo de força, potência e desempenho sexual. Essa é a crescente indústria da imagem corporal masculina, aumentando e estimulando as inseguranças do homem a respeito de seu próprio corpo. Sofrem em silêncio, isolados em seus mundos e sem poder conversar sobre seus problemas, afinal, “homem de verdade” não deve demonstrar preocupação com a aparência, pois podem ser considerados “femininos” ou “gays”. E ser virgem é um grande problema!
No filme “O virgem de 40 anos” (2005), dirigido por Judd Apatow, Andy é o personagem principal e leva as características do título. Seus amigos, ao contrário dele, não se conformam em um homem de 40 anos ainda ser virgem e fazem de tudo para mudar a situação... Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Ironia não? Quem nunca participou de uma conversa entre amigos e, em determinado momento, veio à tona a questão amorosa e, consequentemente, a virgindade? O filme faz uma óbvia alusão à sociedade atual, onde até mesmo adolescentes se sentem pressionados a possuírem uma vida sexual ativa ou, no mínimo, não ser virgem. Um homem maduro virgem? Nem pensar!
Há toda uma pressão social em fazer do homem um expert no campo sexual e da mulher o ser puro e ingênuo. E mesmo com as mudanças comportamentais ditas anteriormente, a situação não mudou. Logo, o documentário visaria enfocar como são feitas essas relações de poder e virilidade na sociedade contemporânea e como a educação familiar e o ambiente das amizades influenciam na pressão por iniciar a vida sexual precocemente, bem como a mídia, com forte apelo sexual em suas telenovelas e “notícias de celebridade”.
3. PROPOSTA
Observar as formas de dominação simbólica – discutidas por Pierre Bourdieu – em que os homens são, inconscientemente, dominantes perante as mulheres e reféns da própria dominação.
Identificar como são as relações interpessoais entre homens e mulheres e o tipo de pressão inserida no contexto de gênero.
Discutir a necessidade de se iniciar a vida sexual precocemente.
4. DESCRIÇÃO DO OBJETO & ABORDAGEM
Como objeto têm-se homens de diversas idades em depoimentos de como foi a iniciação sexual, que tipos de preconceitos encontram quando o assunto é “virgindade” e como se sentem a respeito da necessidade em não possuir essa “característica”.
Logo, o tema seria abordado de modo participativo e objetivo, inserindo-se no cotidiano dos adolescentes do sexo masculino perante a questão da virgindade. As entrevistas, por sua vez, seriam filmadas em ambientes internos, preferencialmente em quartos e ambientes considerados “masculinos”. Faria-se uso de “voz over”, arquivos de artigos e livros com o tema e quadros explicativos dinâmicos, visando conquistar o olhar adolescente.