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Foto do escritorStéfane Franco

Seis vezes AI



Quadros desemoldurado, Jango caiu,

um Castelob erguido,

cruel piada de 1º de abril.

O Branco e seu primeiro AI na praça.

Num mundo bipartido,

bem vindos à caça!

A violência, a tortura e a repressão policial.

Vai para a rua! Vá lutar!

Os intelectuais e seus artistas,

juntos mais de cem mil!

Mas o congresso fechou as portas.

O Brasil era de Costa, a linha dura.

AI mais uma vez, já foram cinco!


Silva adoeceu, não havia outro jeito!

O general assumiu. Ora, o cálice!

Subversivo senhor? Tortura!

O Chumbo descendo-lhe à carne,

sinta a força policial bater à sua porta.

É o Milagre brasileiro fazendo sua parte.

Ah, mas a porta trancada estava se abrindo!

A democrática dando as caras, o Milagre já findado.

Gradual, lento e seguro. A distensão Geisel!

O Falcão liberto despontava no horizonte... Um Pacote de Abril.

Para quê repressão? Não há subversão!

os seis irmãos foram revogados!

A Figueira e a Anistia erguem-se pomposas,

mas a pressão a acompanha de perto.

Dívidas devem ser pagas e inflações controladas.

O sangue dos mártires não foi em vão.

Companheiros e companheiras,


todos à rua... Vamos lá senhores, diretas já!

Mas a esperança cai com Neves, fica Sarney!

Sim senhor, a democracia chegou!

“Pai, afasta de mim esse cálice

de vinho tinto de sangue”

A ferida cicatrizou. Para que reabri-la,

Cinco décadas depois?


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