Quadros desemoldurado, Jango caiu,
um Castelob erguido,
cruel piada de 1º de abril.
O Branco e seu primeiro AI na praça.
Num mundo bipartido,
bem vindos à caça!
A violência, a tortura e a repressão policial.
Vai para a rua! Vá lutar!
Os intelectuais e seus artistas,
juntos mais de cem mil!
Mas o congresso fechou as portas.
O Brasil era de Costa, a linha dura.
AI mais uma vez, já foram cinco!
Silva adoeceu, não havia outro jeito!
O general assumiu. Ora, o cálice!
Subversivo senhor? Tortura!
O Chumbo descendo-lhe à carne,
sinta a força policial bater à sua porta.
É o Milagre brasileiro fazendo sua parte.
Ah, mas a porta trancada estava se abrindo!
A democrática dando as caras, o Milagre já findado.
Gradual, lento e seguro. A distensão Geisel!
O Falcão liberto despontava no horizonte... Um Pacote de Abril.
Para quê repressão? Não há subversão!
os seis irmãos foram revogados!
A Figueira e a Anistia erguem-se pomposas,
mas a pressão a acompanha de perto.
Dívidas devem ser pagas e inflações controladas.
O sangue dos mártires não foi em vão.
Companheiros e companheiras,
todos à rua... Vamos lá senhores, diretas já!
Mas a esperança cai com Neves, fica Sarney!
Sim senhor, a democracia chegou!
“Pai, afasta de mim esse cálice
de vinho tinto de sangue”
A ferida cicatrizou. Para que reabri-la,
Cinco décadas depois?